A imagem da prostituição na mídia: De comunicadores para comunicadores

A imagem da prostituição na mídia: De comunicadores para comunicadores
Uma vítima da sociedade. Uma ameaça à concepção de “mulher normal”? Qual é a sua visão da prostituição e da prostituta?

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“Lixo e esgoto; mal necessário; degenerada nata; mulher inacabada; mulher dessexualizada, fria; louca moral; desvio moral; inimiga do trabalho; fantasma e ameaça social (como principal transmissora de doenças venéreas e potencial transmissora de maus exemplos para outras mulheres); independente, livre e poderosa (representações que alimentavam a ideia dos efeitos negativos nas outras mulheres, por “contaminação”); vítima (seja da miséria, da escravidão ou do tráfico internacional de mulheres); femme-fatale, mulher pervertida e doente”.
Flávio Lenz

Foi em 1870 que a prostituta começou a ser vista e precisava, portanto, de uma definição. Nesta época, os bordéis eram de inteira responsabilidade do Estado e, portanto, careciam de explicações sobre quem eram as prostitutas, quais eram suas reais funções e porque não se encaixavam nas regras de sexualidade, ditadas pelas morais e costumes da época, que determinavam, segundo Foucault, “uma valorização exclusiva da sexualidade adulta e matrimonial, imperativos de decência”.

Foi nos anos 90, somente, com a publicação da obra “La donna delinqüente, la prostituta e la donna normale”, escrita pelo fundador da Antropologia Criminal Cesare Lombroso, que começou a existir, indiretamente, a separação entre a possível normalidade e bons costumes versus a prostituta que, dentre outras coisas, era apontada como selvagem, doente e, segundo Engel, algo similar a “dejetos humanos” que, portanto, poderia contaminar as outras mulheres. Ainda depois disso, a prostituta passa a ser conhecida como transmissora de doenças venéreas e, pior, por ter a função de “servir o homem”, passou a ser reconhecida como um “mal necessário” que precisava ser tratado e higienizado.

À medida que a categoria era vista como ameaça à saúde, os médicos, – que representavam um segmento que tinha a “tarefa de ordenar aquilo que era visto como desordem, transformando a cidade num espaço civilizado” (Engel), foram designados a criar uma prática de “higienização”, trazendo implícito em seus discursos, “um projeto de normalização higiênica do corpo, concebido não apenas num sentido físico, mas também, num sentido moral e num sentido social” (Engel).

A prostituta, portanto, sofria uma vitimização. Sendo por ser considerada doente (e aqui a vitimização é por uma “falta de saúde”), ou por ser uma espécie de escrava do desejo (pecador) dos homens.

Apesar de um maior espaço no campo das artes, tanto na imprensa quanto em espaços especializados, como o cinema, o país ainda carece de representações mais fidedignas das prostitutas, já que há uma desvalorização de sua imagem ou, em um final feliz quase hollywoodiano, como no filme “Bruna Surfistinha”, há uma “glamourização” que só aparece como consequência de uma personagem que foi vítima de algo.

Para tentar entender as quantas anda a imagem da prostituta transmitida pelas mídias, conversamos com profissionais da comunicação, estudantes e consumidores de informação para saber qual é a opinião deles a respeito do assunto.

“Está na hora de encarar a prostituição como qualquer outra profissão”, já disse Lourdes Barreto em uma entrevista ao jornal O Globo, em 1987. Se no final dos anos 80 já estava na hora, imaginem em 2014.

Glamour? Tabu? Confira assistindo aos vídeos:

 


Jean Wyllys é  jornalista e  deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro.
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Ricardo Donisete é jornalista e editor do portal iGay.
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Paulo Alberton é documentarista.
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Adria Meira é estudante do curso de Comunicação Social, com habilitação em Midiaologia, na Unicamp.


Luz Morena é professora.